No salão ou em casa, como atrair o cliente com experiências no delivery

É uma dúvida que ronda a cabeça de todo dono de bar ou restaurante desde que a pandemia começou: como aprimorar a experiência dos consumidores no delivery? E que fatalmente leva a uma segunda: como replicar a atmosfera dos salões na casa dos clientes? Com o desenrolar da quarentena, surgiram várias outras questões, claro. Uma das que os empreendedores do ramo mais têm feito é essa: como convencer a clientela de que já dá para sair de casa para comer e beber a salvo do novo coronavírus?

Interrogações do tipo nortearam a edição de hoje (22/6) da série de encontros virtuais do projeto PEGN Labs. Dela participaram Felipe Bratfisch, diretor de marketing e patrocínios da Ambev, e duas chefs, Giovanna Grossi e Telma Shiraishi. A primeira é dona do restaurante Animus, em Pinheiros, em São Paulo, e a segunda é proprietária do Aizomê, com duas unidades na mesma cidade, uma delas nos Jardins e a outra na Japan House. A conversa do trio foi transmitida pelos canais da revista e a intermediação coube ao repórter Paulo Gratão.

Crescida em Maceió, como o sotaque comprova, Giovanna formou-se no célebre Instituto Paul Bocuse, em Lyon, na França. Aos 23 anos de idade, venceu as etapas brasileira e latino-americana do Bocuse d’Or, o principal concurso gastronômico internacional para jovens chefs — sagrou-se a primeira brasileira a chegar às finais mundiais do torneio. No Animus, em atividade desde dezembro de 2019, não há distinção entre pratos principais, entradas e sobremesas — tudo é servido para compartilhar. “Mal abrimos e já veio o carnaval, que complica o funcionamento graças aos bloquinhos de rua, e, logo depois, a pandemia”, contou a chef no início de sua participação.

O jeito foi interromper a operação completamente por três meses. “Até tentamos implementar um delivery naquela época, mas o negócio era muito novo”, relembrou a cozinheira. “Não dava para contar com clientes fiéis, como as casas mais consolidadas.” Para datas especiais, no entanto, ela passou a preparar cestas com menus completos. “O retorno foi bacana, o que nos levou a criar sanduíches e a adaptar nosso cardápio para as entregas”, disse. “O problema é que no delivery não vendemos cafezinho, bebida alcoólica…, o que nos impede de conseguir o mesmo faturamento de antes.” O restaurante também começou a vender produtos como picles, chutney e tortas e a preparar, em parceria com a prefeitura, marmitas para pessoas necessitadas.

Até o começo da pandemia, Telma contou logo no início do encontro, o Aizomê jamais havia aderido ao delivery — mesmo estando na ativa há 14 anos. “Nunca tivemos tempo de implantá-lo”, lembrou ela, que antes da quarentena chegava a atender cerca de 300 pessoas por dia, somando as duas unidades. Quem se encarregou das primeiras entregas, de bicicleta, foi o marido da chef. “A palavra que resume a pandemia é desapego”, afirmou ela, que passou a apostar nos bentôs – ou obentôs –, como são chamadas as marmitas japonesas. “Os pratos clássicos do Aizomê não são pensados para viajar”, resumiu.

As entregas deram tão certo que em fevereiro passado nasceu uma nova marca, exclusiva no iFood, o Bentô Box. “Comecei vendendo cinco itens para entrega e hoje já são cerca de 100”, informou a chef. “No novo negócio primeiramente desenhei a embalagem para depois pensar na comida.” Em tempo: o Bentô Box acaba de ganhar uma unidade física, na praça de alimentação do parque Ibirapuera. “Não podemos dizer que nosso faturamento atual é igual ao de antes, mas o delivery ajudou a nos manter relevantes”, resumiu Telma, que também resolveu preparar marmitas para as famílias mais impactadas pelo novo coronavírus.

Ao longo da live, Bratfisch resumiu as diversas ações implantadas pela Ambev desde que começou a quarentena. “Nosso objetivo é unir pessoas em confraternizações, mas na pandemia nos unimos para pensar em soluções que pudessem minimizar os impactos dela”, afirmou. A doação de 1 milhão de unidades de álcool em gel foi uma das primeiras medidas. A empresa também contribuiu com a construção de um hospital de campanha e produziu 3 milhões de “face shields”, doados para profissionais de saúde.

Quando se descobriu que os hospitais de Manaus estavam sofrendo com a falta de oxigênio, a companhia passou a produzir o produto em uma de suas fábricas. E ainda houve projetos como os que envolveram a compra de vouchers para bares e restaurantes, em parceria com as marcas Bohemia e Stella Artois. “Acho que conseguimos driblar todas as adversidades impostas pela pandemia para manter viva a cultura gastronômica e a dos botecos”, concluiu Bratfisch.

 

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios