Empreendedores falam da nova rotina para deixar os bares mais convidativos e seguros.
Depois de meses fechados, regras e mais regras para permitir a retomada e algumas idas e vindas, os baresdo país parecem caminhar para a tão sonhada normalidade. Mas sob a ameaça de uma possível terceira onda de Covid-19 e de parte dos consumidores não muito comprometida a seguir os protocolos que visam diminuir os riscos de disseminação do novo coronavírus – especialmente depois de um drinque ou dois.
Como deixar os bares mais convidativos e seguros no atual contexto? A pergunta norteou a edição de hoje (8/6) da série de encontros virtuais do projeto PEGN Labs. Participaram do debate Andressa Cabral, chef e sócia do Meza Bar, localizado no Rio de Janeiro, e Benício Calaça, bartender e dono do Zimbro Bar, situado em Goiânia. A conversa da dupla foi transmitida pelos canais digitais da revista e a intermediação coube ao repórter Rennan Julio.
“Estamos passando por um momento tão difícil que só o que salva é conversar e desabafar”, brincou Andressa ao se apresentar. Ela contou que, quando a pandemia começou no Brasil, o Meza Bar, já com doze anos de vida, estava prestes a ganhar novo conceito. Que precisou ser inteiramente abandonado, por não se adequar ao novo normal. “Eu e meu sócio, que é também meu marido, percebemos que aquele projeto não poderia acontecer da maneira que imaginamos”, lembrou. “O jeito foi recomeçar tudo no olho do furacão”.
Fechado para os clientes até meados de julho do ano passado, o Meza Bar reabriu com novo logotipo, nova arquitetura e nova carta de drinques. “Foi praticamente uma reinauguração”, resumiu a chef. “Não foi fácil, mas conseguimos resistir e agora está rolando”. Em tempo: em julho, ela inaugura um novo empreendimento na mesma cidade, no Leme.
Calaça iniciou sua participação lembrando que a coquetelaria não está restrita ao eixo Rio-São Paulo. “Há outras regiões ricas no país com uma senhora gastronomia e bartenders experientes”, afirmou. Dedicado ao gin, seu estabelecimento funciona há quatro anos. “O negócio ainda está em desenvolvimento, por isso foi mais fácil implantar as mudanças que o atual contexto nos pede”, emendou. “Elas já estão no nosso DNA”.
O Zimbro Bar também manteve as portas fechadas para os clientes até meados de julho de 2020. Iniciada a pandemia, o primeiro passo foi rever custos. “Foi preciso parar e analisar do preço do pão francês ao da conta de luz”, contou o bartender, emendando que não foi preciso demitir nenhum funcionário. “É difícil demais construir uma equipe”.
Ao que Andressa acrescentou: “A gente precisou sentar e fazer como o português da vendinha”. Reclamou, em seguida, da falta de incentivos públicos para o setor sobreviver ao novo coronavírus. “Ficamos à mercê da nossa própria sorte. Nos adequamos às regras impostas, mas todas elas geram custos. E meu bar não é elástico, há uma limitação física”.
Tanto um quanto o outro recorreram ao delivery para equilibrar as contas. O Zimbro Bar lançou coquetéis engarrafados como sugestão para presentes. “Ajudou no começo, mas a conta não fecha”, explicou Calaça. O estabelecimento não se rendeu às grandes plataformas de entregas. “Elas vendem produtos de consumo rápido e queremos que os nossos clientes sejam tratados de forma especial”, justificou.
Andressa disse que seu estabelecimento também não conseguiu surfar muito bem na onda do delivery. “Uma comida autoral, como a do Meza Bar, não costuma ser tão procurada na hora do delivery”, declarou. “Para ir ao meu bar as pessoas investem no look, querem ouvir a música, não estão atrás só da comida. O delivery ajudou a não perdermos na lona, mas não resolveu o problema. Funcionou para comida japonesa, pizza, sanduíches.”
Calaça concluiu sua participação lembrando da importância de caprichar na higiene de bares e companhia no atual panorama. “É nossa obrigação, o que também envolve orientar nossos clientes a colocar a máscara para ir até o banheiro e coisas do tipo”, disse ele. “Ninguém quer mais a necessidade de novos fechamentos.”
Fonte:Pequenas Empresas & Grandes Negócios